O galante admirador que sempre leva flores para a namorada não é tão
irresistível quanto o pretendente que joga o casaco, as luvas e o chapéu
no sofá antes de abrir os braços e apertar a amada em um abraço
apaixonado.
Quem está verdadeiramente oferecendo o coração não leva presentes.
Não se pode abraçar – ou ser abraçado – segurando coisas. A linguagem
corporal do amor é a da disponibilidade. Receba o verdadeiro romance de
mãos vazias.
Quando duas pessoas se amam, elas agem como se estivessem em uma ilha
deserta. As preocupações mundanas deixam de existir. É o momento de uma
verdade de absoluta simplicidade e graça – isento de necessidades e
desejos.
Perdido no olhar da outra pessoa, você está seguro. Descruze os
braços. Pare de mexer no cabelo. Tire as mãos do bolso. Guarde o
celular. Não agarre o smartphone ou a bolsa. Desabotoe o paletó. Tire os
óculos. Baixe suas defesas. Abra caminho para o que está por vir.
Preocupar-se com troca de presentes estraga o momento. “O presente do
amor não pode ser dado; ele espera ser aceito”, escreveu o filósofo Bengalês Rabindranath Tagore. Presentes sempre levam consigo obrigações
disfarçadas. Poupe seu amado do peso de suas expectativas. Em vez disso,
fique de pé, braços ao longo do corpo, peito aberto, pronta a aceitar
sem reserva e sem recurso o veredicto do coração do outro.
O que vale para o namoro vale também para a amizade. Excesso de
solicitude pode atravancar um relacionamento entre amigos. A pessoa que
viaja muito e sempre volta com um mundo de presentinhos e lebrancinhas
provavelmente será menos bem-vinda em sua casa do que o solteirão sem um
tostão que se convida para jantar e promete lavar os pratos depois.
E, mesmo não havendo prazer maior no mundo do que dar presentes para
crianças, essa alegria deveria ser reservada a ocasiões especiais. A tia
bem-intencionada que sempre aparece com brinquedos acaba se tornando
inconveniente; já o vovô que nunca traz nada nas visitas, mas faz os
netos rirem ao mexer as orelhas, acaba se tornando o adulto favorito
deles.
Quando se ama, dar é um ato de rendição. Na prática, isso significa
que você tem de ceder, repassar ou desistir. Ou seja, deve estar
disposto a ir contra sua própria resistência. Um marido atento, por
exemplo, sabe que, sempre que sua mulher lhe pede para levar o lixo para
fora, seu primeiro impulso é dizer “Claro, querida”, e não fazer nada.
Sendo assim, cada vez que ela lhe pede para fazer uma das triviais
tarefas domésticas (passear com o cachorro, guardar os sapatos, tirar a
louça da máquina), ele já sente a familiar resistência tomando conta. É
sua chance de pular e fazer imediatamente. “Aquele que dá rapidamente dá
em dobro”, disse Cervantes. O autor de Dom Quixote era um cavalheiro
antigo, sem dúvida. Mas o que é o amor senão uma insensata e nada
prática aventura?
Uma esposa romântica também abre mão de seu conforto, sobretudo
quando isso lhe desagrada. Uma coisa que a irrita sobre seu companheiro é
o modo como ele se sente perdido quando a pia entope ou o carro não
pega. Que seja. Quando o desastre acontece, ela corre para seu lado com
uma chave de fenda, uma lanterna, uma esponja – mesmo que o esmalte
ainda não esteja totalmente seco.
Trate os aborrecimentos do dia-a-dia como se fossem flechas do
cupido. Não ataque ao sentir a ferroada da irritação. Em vez disso,
encare cada chance de ceder como um lembrete de que o maior presente que
você pode dar a alguém que ama é o da aceitação incondicional.
Véronique Vienne
Estamos na pista, muito que aprender..muito..
..Kay
Muito bom estar perto de você..SUCESSO SEMPRE!
ResponderExcluirkarla.