Poeiras das Estrelas...

Quando falamos de vida, mas de forma específica – da nossa, por exemplo – creio que deveríamos nos referir a ela sempre no plural. Vivemos de forma tão intensa, variada e diferente; sofremos tamanhas e tantas transformações, físicas, psíquicas e afetivas ao longo dos anos, que é como se renascêssemos, vezes sem conta, das cinzas, e fôssemos, a cada renascimento, outras pessoas, não mais as mesmas sequer do dia anterior.

Vivemos intermináveis despedidas, mesmo que não venhamos a nos dar conta disso. Despedimos, por exemplo (cedo demais) da infância, da adolescência, da maturidade, do amanhã que se torna hoje num piscar de olhos e do agora que se faz passado.

Despedimos das pessoas amadas, às vezes com a certeza de reencontros, outras, sabendo que não haverá volta. Despedimos de amigos, dos quais nos separamos por causa das circunstâncias, e de inimigos que nos atormentavam ou ameaçavam. Despedimos da cidade que nascemos, dos lugares que amamos, de casas, de trabalhos e de escolas.

Saibamos ou não, queiramos ou não, a vida é constituída de despedidas. Enquanto escrevo estas confidências, minha alma sai, só, a passear ao sol, este astro que nos dá a luz e a vida, despedindo-se de mais uma manhã radiosa, que nunca mais haverá de voltar, a não ser nas ágeis asas da recordação. Assim somos nós, frágeis e sensíveis “poeiras das estrelas”.

Pedro J. Bondaczuk
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Somos seres que precisam de significados. Ah! muitos significados para tudo e todos...
Kay.